Ditadura e Golpe Militar: lenço, pipoca e guaraná

54 Views

Para reforçar o lema de que é preciso lembrar pra não se repetir e assumindo, ainda, a tarefa de noticiar um tempo onde o Jornalismo foi totalmente censurado, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Goiás, o bloco carnavalesco ecofeminista Não é Não e o Teatro Zabriske se somam a dois cineastas goianos para divulgação de documentários produzidos por eles, falando o que foi a Ditadura Militar em Goiás e no Brasil. A apresentação será no próximo dia 27 de abril, no salão do Teatro Zabriske, a partir das 19h30, no Setor Pedro Ludovico, com rápido intervalo entre os dois filmes, para enxugarem as lágrimas e uma pipoca com guaraná.

Os cineastas goianos – Edson Nunes e Luiz Gonçalves – trabalharam os temas do Golpe Civil Militar e dos 21 anos da Ditadura Militar no Brasil e produziram dois documentários de média duração, registrando em cenas de arquivo e testemunhos de sobreviventes, o terror daqueles 21 anos onde os direitos humanos eram desrespeitados, as liberdades individuais e coletivas cerceadas, a cultura e a imprensa totalmente censuradas; e como resultado, até hoje a história do Brasil e de Goiás são mal contadas ou praticamente desconhecidas da sua própria população.

O filme do jornalista Edson Nunes – “Censura – uma história sem fim 2” – produzido com com recursos da Prefeitura de Anápolis, por meio da Lei Paulo Gustavo, mostra os impactos da Ditadura Militar na imprensa goiana, por meio do registro das impressões de jornalistas goianos que viveram esse período. O lançamento deste filme aconteceu no último dia 28, em Anápolis, com uma sala de cinema lotada. E, em Goiânia, o media-metragem foi apresentado no último dia 04 de abril, na Assembleia Legislativa do Estado.

O outro documentário – “Um homem sem rosto resiste”, também é um média-metragem, de Luiz Gonçalves, professor na Faculdade de Artes da UFG, que decidiu por trabalhar o tema da Ditadura Militar no Brasil em homenagem ao avô, o advogado Rômulo Gonçalves, que defendeu presos políticos naqueles tempos chamados também de “Anos de Chumbo “. O seu documentário foi construído com uma narrativa forte baseada em depoimentos de antigos clientes de seu avô, que contam em detalhes os tipos de tortura a que foram submetidos. Ele fez o pré-lançamento do filme no dia 06 de abril, no Sindicato dos Jornalistas de Goiás, para os seus entrevistados, dentre eles o médico Marcos Abrão , o ex-vereador João Silva Neto, o professor de Geografia e escritor Horieste Gomes, a professora de Trombas de Formoso, Dirce Machado; e os jornalistas Pinheiro Salles e Laurenice Nonô Noleto, que trouxe ao público as memórias do seu falecido marido, o jornalista Wilmar Alves, que também foi presidente do Sindjor Goiás, diretor da Federação Nacional dos Jornalistas e ficou preso por mais de dois anos

“É um momento histórico para relembramos as mazelas do passado e para reforçar a nossa luta pelo regime democrático. Esperamos todos vocês para a exibição”, fala o jornalista e cineasta Edson Nunes. Já no filme de Luiz Gonçalves, onze ex-presos políticos de Goiânia relatam crimes de lesa-humanidade cometidos pela ditadura de 64 aqui no Estado. “Combinando crueza e lirismo, este comovente documentário atesta que nem violência, nem a ação do tempo foram capazes de apagar os ideais desses ex-prisioneiros”, afirma o jornalista Cláudio Curado, presidente do Sindjor Goiás.

Texto: Laurenice Noleto (Nonô) – jornalista.

Comentar