Em sua primeira exposição individual, J.Lee Aguiar traz as fotos do enterro do pai, o jornalista Álvaro Duarte.
O Brasil foi o país onde mais morreram jornalistas por Covid-19 do mundo, segundo levantamento da FENAJ. E um deles foi o jornalista Álvaro Duarte, um dos fundadores do programa Trilhas do Brasil, além de ter trabalhado em diversas redações em Goiás, Pernambuco e Tocantins. “Atotô: um processo de cura” é um ensaio fotográfico documental realizado durante o enterro do jornalista, pai da fotógrafa.
Nas 24 fotografias Júlia ou J.Lee Aguiar, mostra uma mistura de sentimentos – dor, raiva, saudade, reparação, luto, denúncia. A abertura será no dia 12 de janeiro às 19h no Müquifü Cultural, Centro de Goiânia. Em seguida, haverá uma roda de conversa sobre os desafios dos jornalistas durante a pandemia e a morte de 314 profissionais por Covid-19, muitas subnotificadas ou notificadas como outra doença, bem como sobre o processo de documentar por meio de fotos o enterro do pai como representação do que ocorreu com outras milhares de famílias. A exposição “Atotô: um processo de cura” poderá ser vista de 12 a 15 de janeiro das 10h às 19h.
O jornalista Álvaro de Brito Duarte morreu de Covid-19, em 16 de junho de 2021, em Recife, Pernambuco, sua terra natal. Como tantos outros colegas de profissão, não resistiu à doença esperando que os jornalistas se tornassem prioridade na vacinação. Como os profissionais da saúde, os jornalistas também estavam e continuam na linha de frente para levar informações sobre a doença para a população diariamente. Somente na redação do Jornal do Meio Dia, SBT, em Caruaru, PE, onde Álvaro Duarte era diretor de jornalismo, outros cinco profissionais morreram de Covid no mesmo ano. A vacina não chegou a tempo.
“Todo o processo de hospitalização e enterro foram extremamente difíceis, devido às regras sanitárias do momento. Eu não pude ver meu pai em nenhum momento, nem no hospital, muito menos no caixão”, relata a fotojornalista J. Lee Aguiar. E como ela mesma conta, a fotografia foi a única coisa que restou nos dias de muita dor.
“Atotô” é uma saudação à Omulu, senhor da morte e também da cura no Candomblé, religião da qual é praticante. A série de 24 fotografias representa não somente a dor da perda do pai, mas um retrato honesto de um dos períodos mais traumáticos para um jornalista no Brasil.
Um dos objetivos da exposição “Atotô: um processo de cura” é também fazer com que as pessoas nunca se esqueçam desse período, da dor causada a mais de 700 mil famílias brasileiras. Este assunto será o tema da Roda de Conversa logo após a abertura e conta com a participação de J.Lee Aguiar, da ex-presidenta da Fenaj, hoje Secretária de Relações Internacionais da federação, Maria José Braga e do fotojornalista Marcello Dantas.
A exposição “Atotô: um processo de cura” foi viabilizada por meio do Projeto Claque Retomada Cultural, uma parceria do SESC Goiás com o governo estadual por meio da Secretaria Estadual da Retomada (SER).
Serviço:
Assunto: “Atotô: um processo de Cura”, exposição fotográfica
Abertura: 12 de janeiro às 19h
Roda de Conversa: 20h
Local: Müquifü Cultural, Rua 8, 497 – segundo andar. Setor Central
Exposição: de 12 a 15 de janeiro, das 10h às 19h
Texto: Rosângela Aguiar (assessoria de imprensa)